Perder para o Vasco, atual vice-líder da competição, em São Januário, não é nenhuma catástrofe. Eu diria até que era algo esperado, pelo melhor material humano que o adversário possui e pela necessidade que os jogadores vascaínos tinham de vencer este jogo para dedicá-lo ao seu comandante, Ricardo Gomes, que segue na UTI.
O que deixa a mim e a muitos outros torcedores inquietos (e até certo ponto chateados) é a transformação radical que o time sofre simplesmente por jogar fora de casa. Sai de cena o Ceará vistoso e insinuante que joga no PV e entra em cartaz um time covarde, nervoso que, por vezes, beira a mediocridade. Houve momentos ontem em que todos os jogadores do Ceará estavam em seu campo defensivo, atrás da linha da bola, como quem adota uma tática suicida, que dificilmente dá certo, para tentar um empate insosso. Tentou e, assim como no jogo contra o São Paulo no Morumbi, se deu mal.
Totalmente envolvido pelo setor ofensivo do time cruzmaltino, o Ceará mostrou-se frágil no seu sistema defensivo e desorganizado quando tentou atacar. Para piorar a situação, logo aos 15 do primeiro tempo, o time ainda perdeu o atacante Marcelo Nicácio, com uma fisgada na coxa (aliás, o DM do Vozão está pior que o IJF em quarta-feira de cinzas). Enquanto o Vasco abusava de perder gols, o Ceará não tinha forças, nem defensiva, nem ofensiva, para equilibrar as ações. O fim do primeiro tempo em 0x0 foi, em verdade, um grande presente para nosso time.
Mas, assim como fez o São Paulo no Morumbi, o Vasco voltou para a segunda etapa com o rolo compressor ativado. Marcou o primeiro com Élton e o segundo com Éder Luis, ambos os gols com a marca do nervosismo e da fragilidade do nosso sistema defensivo. Graças à persistência de Osvaldo e à brincadeira fora de hora do goleiro Fernando Prass, Washington diminuiu para o Ceará. Mas nem deu tempo de comemorar: dada a nova saída, nova pane da nossa defesa e Elton escorou chute de fora da área pra fazer o terceiro gol. Placar final, 3x1 Vasco. O Ceará começa o segundo turno como começou o primeiro: perdendo para o mesmo adversário e pelo mesmo placar.
Resta agora fazer valer a "parte boa" da nossa caminhada inconstante e vencer o Inter, domingo no PV. E para Vágner Mancini, fica uma missão: dar à equipe, quando jogar fora de seus domínios, um padrão pelo menos semelhante ao padrão que o time adota no PV. Pois, a continuarmos com esta postura covarde, letárgica, de quem já entra em campo conformado com uma possível derrota, nosso time será, fora de casa, a alegria e o time bônus dos adversários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário