terça-feira, 19 de julho de 2011

Washington: a volta por cima de um artilheiro.

Ele chegou ao Ceará no início do brasileirão do ano passado. Em meio a uma crise de megalomania de alguns torcedores, que pediam a contratação de jogadores "medalhões", Washington gerou um misto de indiferença e desconfiança.


Bastou a primeira partida em um belo gol de cabeça contra o Santos, na Vila Belmiro, para que a desconfiança que pairava sobre o atacante desaparecesse. Um gol no apagar das luzes, contra o Vitória, no Castelão, e um contra o Atlético-MG no Mineirão, eram a confirmação: Washington era o camisa 9 que há tanto tempo procurávamos.

Mas cabeça de torcedor todos nós sabemos como é, basta o jogador cair numa fase ruim que a mão que tanto afagava passa a apedrejar. E Washington, como todo centroavante que vive de gols, passou por uma estiagem de bolas na rede. A maré era tão ruim que ele sofreu grave lesão no joelho justamente no lance em que marcou um gol contra o Grêmio Prudente, no estádio Castelão. Resultado: fratura na cabeça da fíbula do joelho direito e longo período fora da equipe. Quando voltou ao time, era reserva de Marcelo Nicácio e, quando entrava, continuava sem dar conta do recado. Alguns torcedores que outrora gritavam seu nome no estádio passaram a crucificá-lo: W-9 foi alvo de chacotas e de críticas ferrenhas. "Cone" e "Doença" foram alguns dos adjetivos depreciativos que ele teve de suportar.

Mas em momento algum Washington desistiu. Nunca foi visto de cara amarrada, nunca demonstrou nos microfones ou câmeras algum tipo de insatisfação ou mágoa; falava sempre em trabalho e volta por cima, e que 2011 seria um ano diferente. E foi.

O Ceará sobrava no campeonato cearense; Marcelo Nicácio, de quem Washington era reserva, era um dos artilheiros do certame e estava em lua de mel com o torcedor. Quando os jogos estavam fáceis e com placar definido, Washington tinha uma chance para entrar. Entrava e marcava. Mas sempre como coadjuvante de seu titular.

O grande divisor de águas do centroavante foi a polêmica renovação de contrato de Marcelo Nicácio com o Ceará. Nicácio, que acabara de marcar um dos gols do vozão contra o Flamengo pela Copa do Brasil, recusou a proposta inicial para sua renovação de contrato e, por isso, foi sacado do time. A torcida ficou em pânico: o artilheiro da equipe sai do time na véspera do (então) jogo do ano, contra um dos melhores times do Brasil? Era uma catástrofe. Em seu lugar entrou Washington, para esperança de poucos e desespero de muitos. O resultado: dois gols dele e o rótulo de herói da classificação do alvinegro. W-9 selava ali sua pazes com o torcedor alvinegro,

No Brasileirão 2011, o jogador já tem 5 gols em 6 jogos e é, de momento, o jogador com a melhor média de gols da competição. Um prêmio para quem, a despeito de contusões e críticas, jamais deixou de acreditar em seu potencial; que no campo da desconfiança  plantou trabalho e determinação, e agora colhe, em gols e boas atuações, os frutos de sua perseverança.

Este é Washington, ou simplesmente W-9, o "pé que balança a rede" alvinegro. E que, daqui pra frente, tender a balançar mais e mais.

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